segunda-feira, novembro 06, 2017

Post 6450 - Desafio de Escrita 8/10


Ela era absolutamente extraordinária e desde o início ele teve essa percepção. Como um furacão que levava tudo à frente, um terramoto que virava tudo de pernas para o ar e mal lhe deixava tempo para respirar, quanto mais para pensar sobre o que estava a suceder.
Foram namorados, amantes, talvez amigos, durante seis meses. Ele pensava que seria ela a terminar, tal como tinha sido dela a iniciativa no seu envolvimento. Quando finalmente sucedeu, surgiu como mais uma consequência do turbilhão que ela era. Arranjou um trabalho no exterior, iria ficar em casa de amigos. Não mentiram um ao outro com a ilusão que poderiam manter-se ligados. Tinham aspirações diferentes para o futuro. Ela queria continuar a descobrir o mundo. Ele queria estabilidade. Foi para ele um descanso e um alívio a despedida. Sabia que a leve melancolia que o envolveu cedo se dissiparia. Teria finalmente tempo para pensar, e seguir outras actividades mais tranquilas que preferia.

Ao olhar para trás pensou com incredulidade no momento que nela mais o surpreendera. Não fora a sua energia ou dispersão, mas um momento de pausa. Ela de patins que lhe davam a velocidade pretendida, subira de algum modo para um semáforo. De lá de cima, olhou para as pessoas sob os seus pés e sorriu para ele. Pareceu-lhe feliz pelo que contemplava a seus pés, o mundo em que iria emergir e confundir-se. Mas durante aqueles breves instantes em que trocaram um olhar e ela lhe sorriu, foi como se ela se despisse para ele, lhe dissesse “esta sou eu, vê-me”. Só por um instante, aquele instante, sentiu que eram um do outro, mas que no tempo que levava a mudar o sinal do vermelho para o verde, se separariam, e deixaria de a ver no meio da multidão.,

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